quarta-feira, 14 de outubro de 2009

COLO COLO : UMA LIÇÃO DE VIDA

COLO COLO : UMA LIÇÃO DE VIDA


O Colo Colo nasceu de um sonho de idealistas que buscaram inspiração no time chileno que tinha o mesmo nome e nas cores do Boca Junior, um dos times mais apaixonantes da Argentina. A sua saga de vencedor que seu hino entoa brotou do coração de todos aqueles que lutaram e construíram a sua história nos gramados baianos.

A sua grande batalha desde à sua fundação ocorrida em 1948 ocorreu no dia 28 maio de 2006, quando se sagrou campeão baiano de profissionais em pleno Barradão contra o poderoso Vitória.A cada jogo do Colo Colo irradiava-se a vibração de seus atletas, a emoção da torcida e a esperança de uma boa participação no campeonato, mas ao mesmo tempo a sensação experimentada por alguns de que o time já teria chegado longe demais.

É de louvar-se a habilidade e o compromisso do Presidente José Maria Almeida de Santana, que diante de gritantes adversidades, soube liderar e construir um elenco de vencedores.A sua determinação, competência e paixão fizeram com que se conquistasse a confiança de seus atletas com pequenos gestos, quando, por exemplo, conseguiu oferecer um Natal digno aos jogadores quando estes se encontravam desempregados.

O desalento inicial diante de uma derrota, a determinação de admoestar seus atletas, as cansativas viagens de ônibus, a reflexão e a mudança do sermão por um churrasco para fortalecer os laços de uma família de vencedores transformaram um bom time num time campeão.

A cada vitória, a cada avanço na tabela de classificação, o resgate da auto-estima do povo ilheense, carente de uma grande conquista, manifestado pela sua frenética torcida que utilizando bandeiras e camisas transformaram tudo numa verdadeira “febre amarela”.

A tranquilidade de Marcelo e suas portentosas defesas; a eficiência dos laterais Alexansro e Wesclei, tanto no aspecto defensivo quanto ofensivo; a qualidade técnica do zagueiro Rodrigo; a consistência de Sandro e Melqui na frente da zaga;a regularidade de Juninho;, o talento de Janio e seus dribles curtos e chutes de fora da área; a maturação de Gil, responsável pela maioria das articulações das jogadas e por vários gols de bola parada; a versatilidade de Jamaica, e o encantamento do futebol de Ednei, artilheiro nato, que parte para o zagueiro, no estilo “Romário” dos bons tempos, e que tem como poucos, tranquilidade diante do arqueiro, e qualidade apurada no arremate final;

Não poderia deixar de falar no maestro Ferreira, sem dúvida, o melhor técnico da Bahia. Pessoa simples, educada, estrategista e líder. Teve sempre o time na mão, fazendo as correções no intervalo do primeiro para o segundo tempo e as alterações sempre no momento certo e com a pessoa certa.

O Colo Colo mesmo apresentando um excelente futebol e tendo conquistado o 1º turno no Barradão contra o Vitória sempre foi visto com desconfiança por alguns jornalistas da capital, os quais, indiferentemente, se referiam ao Vitória como o melhor time do campeonato e que a conquista do Colo Colo teria sido um acidente.

A arrogância, a inquietude e a prepotência do téncico Arturzinho do Vitória contrastava com a humilidade, simplicidade, serenidade e competência do técnico Ferreria que enfrentou o Vitória por seis vezes e não perdeu nenhuma, ganhando três, duas delas na própria casa do adversário e conquistando títulos.

O campeão não se faz de véspera e nem ocorre por acidente, como disse o técnico do Vitória, mas se constrói com muita luta, união, abnegação, respeito, competência, perseverança, simplicidade e serenidade.

A conquista do Colo Colo não é uma conquista somente de Ilhéus, mas de todo o interior da Bahia, por fazer acreditar que também se pode construir uma equipe vencedora. Na verdade, essa conquista deve fazer muito bem ao Bahia e ao próprio Vitória, pois assim, sem escamotear o seu verdadeiro estágio, vão levar seus dirigentes a refletir e a repensar os seus projetos, reestruturando seus elencos para retornarem a 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro.

Por isso, afirmo que a conquista do Colo Colo é uma grande lição de vida e pode ser aplicada em qualquer atividade humana, pois a vitória final será sempre o resultado das perdas e ganhos das batalhas travadas ao longo de uma jornada.

A construção de um grande vencedor, de um campeão não ocorre por acaso nem por mero acidente. É preciso acreditar em si próprio, perseverar, respeitar o adversário sem se apequenar, aprender a ganhar, e acima de tudo saber perder, pois a vida é feita de perdas e ganhos.

É preciso planejar, aglutinar forças em torno de um objetivo comum e ter a habilidade de liderar pessoas, sem precisar utilizar desmesuradamente o poder.É preciso olhar além do horizonte, ter olhos de tigre, concentrar-se na batalha seguinte, reconhecer a imperfeição do ser humano e ter a serenidade de superar as adversidades, mesmo que pareça que tudo está perdido;

É preciso que haja espírito de união para se construir o V da verdadeira “vitória” e aplicar a lição dos gansos canadenses, os quais para voar 71% mais rápido formam um bando na forma de “v”, pois quando o que vai à frente bate as asas e cria um vácuo para o pássaro seguinte ganhar mais impulso.

“Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamente a resistência por tentar voar sozinho. Rapidamente, volta para a formação, aproveitando a “aspiração” da ave imediatamente à sua frente.”

“Quando o ganso líder se cansa, muda para trás na formação e, imediatamente, um outro ganso assume o lugar, voando para a posição de ponta”.

“Os gansos de trás, na formação, grasnam para incentivar e encorajar os da frente e aumentar a velocidade.”

“Quando um ganso fica doente, ferido, ou é abatido, dois gansos saem da formação e seguem-no para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que esteja apto a voar de novo ou morra. Só assim, eles voltam ao procedimento normal.

Parabèns campeão, você com certeza não só aprendeu como soube aplicar com perfeição a lição dos gansos canadenses.

Marcos Bandeira – Juiz de Direito da Vara do Júri de Itabuna, professor de Direito da Uesc e ex-jogador do Colo Colo.

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