quinta-feira, 25 de novembro de 2010

prólogos de Pablo Neruda

PRÓLOGO DE PABLO NERUDA PARA ANATOLE  FRANCE, PÁGINAS ESCOGIDAS, SANTIAGO, NASCIMENTO, 1924.

Foi unicamente um grande escritor. Aprendiz da sabedoria, encontrou no caminho a perfeiçao, e esqueceu o seu destino. Pediu à forma que fosse apenas forma; contudo, situado no vértice da inteligencia, sua posiçao de pura expressividade nao lhe impediu a tendencia à luta, o desejo e a desilusão da luta. Mas falemos no presente, porque este homem nao morreu. Seu personagem conversa conosco sobre a atual realidade e a atual ilusao. Pertence ao presente e seu coraçao destruído e duradouro ainda acende em chamas. Sem qualidade moral, sem o domínio do espírito, sua presença perdura. Como os grandes pensadores, conheceu uma profunda relaçao de desencanto, e alcançou alguma vez, na solidao da inteligencia, o isolamento da desesperança. Mas é certo que o reteve entre os homens a âncora de um sorriso permanente.

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