quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Norte concentra maior proporção de crianças com até cinco anos





 

Pesquisa inédita feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) detalha o perfil dos pais que
desejam adotar e das crianças aptas à adoção por região brasileira. Segundo o estudo, as regiões
Norte e Nordeste concentram proporcionalmente a maior quantidade de crianças com até cinco anos
aptas à adoção, a faixa etária requerida por nove em cada dez pais que desejam adotar no Brasil.
Enquanto no Norte 26,5% das crianças inscritas no Cadastro Nacional de Adoção estão nessa faixa
de idade e no Nordeste são 16,9%, nas demais regiões esse índice não chega a 10%. Essa
preferência dos pretendentes é o principal empecilho à adoção no País, confirma a pesquisa, já que
apenas 9 em cada 100 crianças aptas à adoção têm menos de cinco anos.
O estudo elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do CNJ analisou o universo
de pessoas inscritas no Cadastro Nacional de Adoção, coordenado pela Corregedoria Nacional de
Justiça, referente a agosto deste ano. Segundo o sistema, há no Brasil 28.151 homens e mulheres
que desejam adotar um filho. A maior parte deles (85%) está das regiões Sudeste e Sul, que
respondem por 56,5% da população brasileira, de acordo com o Censo 2010. Quatro em cada dez
pretendentes brasileiros possuem entre 40 e 49 anos e a maior parte deles (79,1%) está casada. Entre
os solteiros, divorciados, separados judicialmente e viúvos, as mulheres são a grande maioria
(80%).
O número de pais que querem adotar é cinco vezes maior do que a quantidade de crianças e
adolescentes aptos à adoção – 5.281 em todo o Brasil. Quase 80% deles também são das regiões Sul
e Sudeste. O grande empecilho para as adoções é a exigência de idade por parte dos pretendentes,
principalmente entre aqueles que têm preferência por crianças brancas. Segundo os pesquisadores,
os pais que buscam exclusivamente esse perfil racial, em geral, não aceitam crianças que têm mais
de três anos.
Já os que aceitam unicamente crianças pretas, pardas ou indígenas costumam ser mais flexíveis e,
em geral, não fazem outros tipos de restrição como de idade ou sexo. O percentual de pretendentes
que buscam essas raças na hora de adotar é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste (cerca de 50%),
enquanto a média nacional é de aproximadamente 35%. Quem busca crianças mais velhas, com
mais de seis anos, tampouco costuma fazer restrições quanto às demais características do futuro
filho.

Norte

– A região Norte responde por 2,3% do total de pessoas que desejam adotar inscritas no
Cadastro Nacional de Adoção. Nesse universo, o percentual de casados (64,1%) é o menor quando
comparado às demais regiões brasileiras. Por outro lado, os pretendentes solteiros (16,1%) e em
união estável (15,3%) apresentam os percentuais mais expressivos em relação às outras partes do
Brasil. De acordo com o estudo, também está no Norte a maior proporção de pessoas entre 18 e 39
anos que querem se tornar pais adotivos (38,2%), sendo, proporcionalmente, a região com
pretendentes mais jovens.

Nordeste

– O Nordeste chamou a atenção dos pesquisadores pelo percentual de pretendentes
divorciados – 3,2% dos candidatos –, o mais expressivo do País. Os viúvos também correspondem
ao dobro da média nacional. Embora o Nordeste seja a região brasileira cuja população apresenta a
menor expectativa de vida – 70,4 anos, segundo dados de 2009 do IBGE –, 23% dos pretendentes
nordestinos inscritos no cadastro têm mais de 50 anos. Esse percentual é superior ao aferido nas
regiões Sudeste (22,8%), Norte (20,9%) e Centro-Oeste (20,2%).

Centro-Oeste

– Embora no Centro-Oeste os casados sejam maioria entre os que desejam adotar
(70%), no universo de mulheres, as pretendentes à adoção que são divorciadas (7,3%) apresentam o
maior índice regional. Em relação à faixa etária, assim como no Nordeste, é elevado o número de
pessoas com mais de 50 anos que querem adotar (20,2%). O Centro-Oeste é a região do país que
possui o percentual mais expressivo de pretendentes na faixa de 30 a 49 anos de idade (75,4%).

Sudeste

– A região mais populosa do Brasil é responsável por aproximadamente 50% dos
pretendentes registrados no Cadastro Nacional de Adoção, grande parte deles (43,9%) com idade
entre 40 e 49 anos – o maior percentual registrado nessa faixa etária. No tocante às mulheres que
buscam um filho adotivo, o Sudeste apresenta o maior percentual de casadas (54,2%), enquanto os
índices de solteiras (26,4%) e em união estável (8,4%) são menores em relação às demais regiões
analisadas.

Sul

– O Sul apresenta o maior percentual de pretendentes casados (82,3%) do País. Por outro lado,
os índices relativos aos futuros pais em união estável (7,9%), solteiros (7,5%), divorciados (1%) e
viúvos (0,5%) são os menos significativos quando comparados às demais regiões políticoadministrativas
brasileiras. A região também apresenta o maior percentual de homens (81,2%)
inscritos no Cadastro Nacional de Adoção. O número de pessoas maiores de 60 anos que querem
adotar no Sul (10,4%) também é proporcionalmente o maior do País.

Mariana Braga
Agência CNJ de Notícias


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