ITABUNA É O MUNICÍPIO MAIS VIOLENTO DO PAÍS PARA ADOLESCENTES DE 12 A 18 ANOS DE IDADE.
Três adolescentes a cada grupo de mil morrem no país antes de completar
19 anos, revela o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). A taxa cresceu
14% de 2009 para 2010. A estimativa, se não houver queda no índice nos próximos
anos, é que 36.735 jovens de 12 a 18 anos sejam mortos, possivelmente por arma
de fogo, até 2016. A maioria das vítimas é homem e negro*.
Calculado pelo Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o IHA passou de 2,61 mortes por grupo de
mil jovens para 2,98. Os dados, referentes a municípios com mais de 100 mil
habitantes, foram divulgados hoje (13) pela Secretaria de Direitos Humanos
(SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para Infância
(Unicef) e pela organização não governamental Observatório de Favelas, no Rio.
Com base em indicadores do Ministério da Saúde de 2010, o LAV constatou
que o homicídio é a principal causa de morte dos adolescentes e equivale a
45,2% do total de óbitos nessa faixa etária. Na população geral, as mortes por
homicídios representam 5,1% dos casos. O dado inclui mortes em conflito com a
polícia, conhecidas como auto de resistência.
“Continua o contraste entre a tendência de redução dos homicídios na
população brasileira, em geral e o aumento dos homicídios contra os
adolescentes”, destacou o coordenador do estudo, o sociólogo Ignácio Cano.
Segundo ele, o cenário é de extrema vulnerabilidade para jovens expostos a uma
maior incidência de mortes precoces e violentas.
Alguns fatores, como gênero e raça, aumentam a possibilidade de um jovem
ser morto. Em 2010, a chance de um adolescente do sexo masculino ser
assassinado era 11,5 vezes maior que a de jovens do sexo feminino. Se o
indivíduo for preto ou pardo, a possibilidade aumenta quase três vezes em
relação ao branco.
Entre as regiões, correm mais risco os jovens do Nordeste, onde o IHA é
4,93, bem superior ao nacional (2,98). Estima-se que, entre 2010 e 2016,
ocorram 13.094 assassinatos de adolescentes na região. O Norte (3,62) está em
segundo lugar, seguido do Sul (3,19). Já o Sudeste tem a menor a taxa (2,01),
mas a maior população, o que pode significar 12.475 jovens mortos no período.
Realizado em 283 municípios com mais de 100 mil habitantes, o
levantamento mostra que as cidades com o IHA mais alto estão concentradas nos
estados de Alagoas (9,07), da Bahia (7,86) e do Espírito Santo (6,54), que
também estavam no topo do ranking em 2009. O menor
índice foi identificado em São Paulo (0,94), cuja capital também é a menos
letal para adolescentes.
O município mais violento é Itabuna (BA), que registra 10,59 homicídios
em cada grupo de mil jovens. Em seguida vêm Maceió, com 10,15, Serra (ES), com
8,92, Ananindeua (PA) com 8,89, e Salvador, com 8,76.
“O Nordeste se consolida como maior polo de preocupação no país, sendo
que Maceió e Salvador [por serem as capitais mais violentas] causam a maior
preocupação”, destacou Ignácio Cano.
Índice de Homicídio de Adolescentes em municípios com mais de 200 mil
habitantes
|
||||
Posição
|
Município
|
UF
|
IHA 2010
|
Número total
esperado de mortes entre 12 e 18 anos (2010 a 2016)
|
1
|
Itabuna
|
BA
|
10,59
|
261
|
2
|
Maceió
|
AL
|
10,15
|
1.214
|
3
|
Serra
|
ES
|
8,92
|
452
|
4
|
Ananindeua
|
PA
|
8,89
|
566
|
5
|
Salvador
|
BA
|
8,76
|
2.613
|
6
|
Feira de Santana
|
BA
|
8,39
|
585
|
7
|
Vitória da Conquista
|
BA
|
8,13
|
313
|
8
|
Vitória
|
ES
|
8,04
|
275
|
9
|
Foz do Iguaçu
|
PR
|
7,83
|
273
|
10
|
Marabá
|
PA
|
7,39
|
254
|
Para reduzir o índice de assassinatos de adolescentes, são necessárias
medidas de combate à violência letal, inclusive com controle de armas de fogo e
munição, sugere o levantamento. A probabilidade de um jovem ser morto com
revólver ou pistola é seis vezes maior do que a de ser morto por qualquer outro
meio.
Edição: Juliana Andrade e Lílian
Beraldo
* De acordo com critérios do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Índice de
Homicídios na Adolescência (IHA), a categoria negro equivale à soma das
categorias de cor/raça preto e pardo
- fonte: Agência Brasil
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